Peça do Mês de Maio 2025
área de conteúdos (não partilhada)Denominação: "Bonecos Casal de Noivos com Traje típico da Freguesia de Pedreiras – Concelho de Porto de Mós"
Datação: 3º quartel séc. XX
Material: Têxtil, plástico, metal e madeira
Doador: João Matias
N.º de Inventário: 1049
Num tempo em que as brincadeiras da nossa infância parecem muito longínquas, não apenas pelos anos passados, mas também pela forma como as tecnologias vieram alterar até as brincadeiras de crianças, escolhemos destacar uma data que evoca essa muito nobre atividade de brincar.
Será no próximo dia 28 Maio que se comemora o “Dia Internacional do Brincar”. E, para dar corpo à efeméride, apresentamos dois bonecos – Casal de Noivos, vestidos com traje típico da freguesia de Pedreiras, concelho de Porto de Mós. Embora estes bonecos na imagem sejam sobretudo bonecos de adorno / decorativo, não tendo sido propriamente concebidos para as crianças brincarem, eles têm um valor didático evidente e remetem-nos para o imaginário infantil das brincadeiras de criança. Note-se a particularidade do traje destes noivos, da freguesia de Pedreiras que, embora em dia de casamento, estão vestidos de preto. E porquê? A cor preta, ao contrário do que hoje acontece, era associada ao casamento, nomeadamente no século XIX. Como todos sabemos, o dia do casamento, para quem dá este passo na vida, será um dos dias mais importantes. O que tradicionalmente justifica o investimento num bom tecido para se confecionar o fato de noiva. Mas, também, sobretudo em tempos de escassez, de pensar em economizar. Ou seja, já que se investia, o fato não servia apenas para aquele dia, mas também para ser usado noutro momento importante - o da morte. E, claro, a morte tinha a sua associação ao negro. Assim, as pessoas compravam o melhor tecido, mas de cor negra, colocando o véu branco no casamento como sinal de pureza e renda branca para “aligeirar” a predominância do negro. O noivo com o seu traje negro também seguia a mesma ideologia, embora não seja assim tão incomum o noivo de negro.
Neste casal de bonecos, a noiva com a saca utilizada à época, que foi nos nossos dias substituída por mala/pochete, com cordão de “ouro” ao pescoço representativo das joias de família. O noivo de chapéu, típico da classe média alta, usava flor e pena de pavão em domingos e dias de festas e no dia do casamento substituía por lenço branco.
Nestes tempos que eram extremamente duros, lembremos ainda que muitos eram os noivos que, por falta de poder económico, chegavam a pedir emprestadas as alianças, que devolviam depois da cerimónia. O saber interpretar o que vemos e o que um objeto nos transmite é uma forma importante de comunicar e partilhar informação, sem esquecer as nossas origens. E sem esquecer de brincar, que é fundamental!
(Dados cedidos, cortesia de Vanda Costa)