Peça do Mês de Julho
área de conteúdos (não partilhada)Descrição: Tábua de passar a ferro
Medidas: 60,10x26,4x12,20
Material: Madeira
Datação: Anos 50 séc. XX
Doadora: Celeste Jesus do Rosário
No longínquo ano de 1305, a 24 de julho, o rei D. Dinis outorgou à vila de Porto de Mós o seu 1º foral. Um documento fundador da nossa existência enquanto território administrativo. Passaram 720 anos da existência desse documento real que veio estabelecer um concelho e regulava a sua administração, deveres e privilégios. O que ainda torna mais relevante o facto desse documento evidenciar o reconhecimento, por parte do Rei, da existência de produção têxtil dando importância à produção de tecido na nossa história coletiva, “… se alguem vender peça de pano de coor na terra atamada deve levar o porteiro de cada peça dos dos soldos. Item se alguu estranho filhar de vestir em porto de moos de huu soldo de portagem de cada pano. Item se alguém vender burel em porto de moos ou pano de linho ou toucas se non for vezinho de cada huu maravidi de quatro dinheiros.”
Para comemorar os 720 anos de foral e do grande significado quanto ao reconhecimento da existência, já na altura, do fabrico de panos na zona da vila, ou seja, da capacidade de organização das gentes portomosenses, e também por ser dia 23 deste mês o Dia do Alfaiate e da Modista, apresentamos a tábua representativa do tipo de tábuas utilizadas pelos alfaiates para passarem a ferro as mangas dos casacos no segundo e terceiro quartéis do séc. XX.
Profissões de grande destaque na sociedade num passado recente, sofreram um grande revés devido à evolução industrial e ao aumento de modelos e feitios diversos que satisfizeram os variados gostos, conjuntamente com preços acessíveis – o chamado pronto-a-vestir, que veio alterar a importância daquelas profissões. Na sociedade sofreu-se uma forte redução do número de artesãos, esbateu-se o gosto do exclusivo, dando preferência aos grandes espaços de venda de roupas que se adquirem no próprio momento, sem haver provas durante a confeção.
Quando nos dias de hoje falamos em alfaiates temos duas ideias em mente: uma profissão tradicional, parcialmente esquecida pelo mundo do pronto-a-vestir. E, por outro lado, uma profissão que, reganha, nalguns meios, um glamour associado aos fatos de homem, feitos à mão, verdadeiras obras-primas do artesanato.
Esta peça foi utilizada pelo alfaiate Joaquim Carreira Franco (N. 20/02/1932 – F. 01-01-1997), natural da Ribeira de Baixo, Freguesia de Porto de Mós - S. João Baptista e S. Pedro, concelho de Porto de Mós, exerceu a sua profissão na Ribeira de Baixo e nos Estados Unidos a partir de 1969.
Museu Municipal de Porto de Mós