Exposição 'Memórias do Azeite'

É no mundo mediterrânico que o azeite encontra o seu berço, o território da oliveira por excelência. Aqui, de há milénios, a mundialmente reconhecida dieta mediterrânica é por ele perfumada com aromas que, consoante os solos, o clima e as castas, dão corpo à arte de bem comer.

No Maciço Calcário Estremenho, alguns exemplares de oliveiras são datados de milénios, ainda o território não era Portugal. Mas é com a Abadia Cisterciense de Alcobaça que o plantio da oliveira e, logo, a produção de azeite surgem de forma sistemática no território, uma terra agreste, onde pequenos chousos protegem as árvores da erosão dos solos. Em íntima relação com o azeite, a tecnologia dos lagares instala-se nas serras calcárias e nas regiões mais férteis, de matriz argilosa, no noroeste do concelho.

Da apanha da azeitona à sua transformação, este é um labor coletivo, de cariz familiar, que ainda hoje encontra eco nos ritmos da região, dando origem a produções distintas na textura, na acidez e, claro está, no sabor, muito por força das castas, nas quais dominam a Galega, a Lentriscas e a Cobrançosa. Ainda hoje, a paisagem de olival retrata uma das principais atividades agrícolas, com uma produção estimada em 120 mil litros de azeite/ano.

Nas “Memórias do Azeite”, revelam-se alguns dos testemunhos que entram no ciclo da sua produção, uma mostra etnográfica que reflete os ritmos ainda marcados pela ancestralidade.

Se existem produtos que nos identificam, o azeite é seguramente um deles, pela sua abrangência temporal na cultura local e do mundo mediterrânico, pelos ritmos agrícolas que marcam o outono e, acima de tudo, pelos aromas e sabores pelos quais todos nos reconhecemos no momento de nos sentarmos à mesa, seja no quotidiano, seja nas datas mais solenes de reencontro familiar e de amigos.